O PROCESSO CRIATIVO DA JARDIN E SEU PERFUME ATEMPORAL

Dentro das datações emolduradas por nosso calendário convencional de moda, podemos perceber o que cada estação nos traz. As coleções nos trazem o que podemos chamar de mudanças: os tecidos mudam, cores e suas paletas surgem, texturas, cortes e recortes buscam compor o estilo de cada peça de roupa, e as volumetrias quase dançam com as coreografias das mudanças e das silhuetas propostas a cada estação. Tudo isso passa a constituir os novos modelos e desenhos que buscam contar estórias e levantar bandeiras, e acima de tudo vestir; nos envolvendo pelo que chamamos de conceitos, elegendo regras e comportamentos que nos levam a dizer: “isso está na moda”. Ao respirar por entre os processos criativos chamo um pensamento de FAYGA OSTROWER, no livro:  criatividade e processos de criação: "Cada materialidade abrange de início, certas possibilidades de ação e outras tantas impossibilidades. Se as vemos como limitadoras para o curso criador, devem ser reconhecidas também como orientadoras, pois dentro das delimitações, através delas, é que surgem sugestões para se prosseguir um trabalho e mesma para se amplia – lo em direções novas. De fato, só na medida em que o homem admita e respeite os determinantes da matéria com que lida como escência de um ser, poderá o seu espírito criar asas e levantar vôo, indagar o desconhecido". (OSTROWER, 2008, p.32). Pontuar as mudanças da matéria dentro de uma coleção de roupas é necessário, mas com o mesmo peso e valor devem ser considerados também os tempos e processos de produção. Afinal a inspiração é como um sopro de vida que surge a partir dos sonhos dos criadores por entre o início de suas coleções, mas é o tempo de execução costurado por várias horas pacientes de desenvolvimentos por toda coleção que assim traz vida materializada por cada peça sonhada por entre seus processos. Tanto falamos em processos criativos e inspiração, que de certo modo deixamos de lado a relação temporal do processo produtivo e do dia a dia das fabricas e dos ateliês. A ATEMPORALIDADE COMO DNA DA MARCA Busco trazer o que nos é ‘atemporalidade’, pois irei dentro do mundo da moda, partilhar um pouco dos cuidadosos processos de uma coleção para outra junto a marca mineira JARDIN, que carinhosamente nomeia suas pequenas coleções de séries. Ao consultar um verbete temos ATEMPORAL como: “[...} um adjetivo usado para qualificar algo ou alguém que não é afetado pelo passar do tempo, ou seja, que faz parte de qualquer época ou tempo.” Fonte: https://www.significados.com.br/atemporal/ Tal como seu nome em sua tradução livre, a JARDIN é um jardim repleto de canteiros floridos aos quais das florações brotam peças de roupas que, em vivacidades e já repletas de um perfume atemporal, nos permitem transcender as estações e suas datações. Aqui no ateliê, neste processo de criação de desenvolvimento das peças, somos envolvidos por uma aura atemporal e contemporânea. Bhárbara Renault, que está à frente da JARDIN, vem cultivando afetivamente, ano após ano, este conceito de atemporalidade e acredita que a beleza está nas sutilezas da vida percebidas pela calma do olhar. Aqui percebemos a presença de uma sutil LEVEZA que já se tornou a linguagem universal da marca. Mesmo em uma marca atemporal como a JARDIN, que transcende as estações por seus pensamentos sustentáveis com a cadeia produtiva e mão-de-obra local, a continuidade da criação de coleções que buscam estar às margens do calendário convencional da moda, tem como algo necessário trazer O NOVO. Assim a JARDIN dá início em seus processos criativos em intervalos de tempo, pesquisa de materiais e se atualiza constantemente com oque está acontecendo no mundo da moda. Um modelo mesmo que autoral e que seja repleto de atemporalidade precisa de suas continuações e novas versões para despertar um novo desejo. A diferença é que aqui, sempre levamos em conta o que veio antes, e o NOVO vive em harmonia com o antigo dentro de cada série. Voltando ao processo criativo e produtivo, por entre a espera do desenvolver, aprovar e produzir, penso que somos movidos pela paciência. Mesmo que inconscientemente, existem os momentos aos quais a pressa beira o desespero, as ansiedades e as inseguranças, mas logo voltamos a perceber e a aceitar que tudo tem seu devido tempo para acontecer, tudo começa, se desenvolve e assim é concluído. A paciência é algo cada vez mais presente em nossa existência, uma dádiva talvez, mas acima de tudo nos é algo necessário. E com paciência o processo criativo da JARDIN ganha vida a partir de novos começos. E SÃO OS NOVOS COMEÇOS QUE CONSTANTEMENTE BUSCAM GUIAR A MODA, GUIAR NOSSA VIDA, GUIAR CADA MUDANÇA QUE POSSA SURGIR. Com a diferença que aqui, o novo não descarta o anterior. Enquanto uma nova série é iniciada, a serie atual continua nos contando suas estórias, nos emocionando e nos movendo a partir de cada uma de suas peças, e só assim sutilmente, abre caminho para o novo em seus começos que carrega consigo a alma de cada coleção já apresentada por entre os canteiros da JARDIN.