FASHION WEEK GREEN
Salvé Stella Mccartney pioneira neste erguer de bandeira, que nos ensinou claramente que a sustentabilidade e o design/desejo não são inimigos e podem sim dar as mãos! Outra prova provada, foi o desfile de Gabriela Hearts, que nessa edição da NYFW (semana de moda de Nova Iorque), pensou todo o seu desfile de forma a reduzir ao máximo a sua pegada de carbono, e nos lembrou que a sustentabilidade na moda não se reduz aos materiais usados na confecção das roupas.
Para desfilar, por exemplo, foram escolhidas apenas modelos que não tiveram que voar. Em vez dos tecidos de ponta altamente sofisticados, nessa coleção a estilista Uruguaia recorreu a tecidos fabricados artesanalmente em Nova Iorque (onde reside e desfila), e tentou reduzir todos os desperdícios de produção ao máximo, tendo até o cabelo das modelos sido arrumado sem luz.
A ideia é de contagiar... e mostrar que se ela consegue, outros poderão fazer o mesmo... Grabriela Hearst, Spring 2020, NYFW Já a dupla da Preen by Thornton Bregazzi, (Justin Thornton and Thea Bregazzi), também em Nova Iorque, usou uma mistura de restos de tecidos das temporadas anteriores, viscose de origem sustentável, e georgette feito de garrafas de plástico recicladas e resíduos têxteis.
Nem as próprias modelos queriam acreditar que as roupas que estavam usando eram reaproveitamento e reciclagem. Preen by Thornton Bregazzi Ainda não se sabe ao certo a pegada de carbono de uma Fashion Week, onde um desfile de 15 minutos, é preparado com meses de antecedência, envolve centenas de voos, deslocações dos convidados de carro, convites impressos, press releases, etc.
Mas acredito que essa questão, que começou a ser levantada pela imprensa especializada, encontre respostas, e quem sabe novas formas de pensar a moda ou contornar o desperdício. O mundo parece estar a acordar para uma necessidade de viver diferente em todos os aspetos do seu dia a dia.
E as roupas, que sempre acompanharam todas as mudanças sociais, e são sempre um reflexo do comportamento humano atual, não ficam de fora. Porque o ser humano dificilmente descartará a sua necessidade de se vestir. Não apenas de se cobrir, mas de vestir. E mesmo que coloquemos de parte a envolvência econômica e os “milhões de dinheiros” que a indústria da moda gere, o ser humano ganha consciência, mas dificilmente perde o desejo e a necessidade de alguma forma usar as roupas na sua vida.
Note-se que até tribos que vivem isoladas da civilização e em prefeita comunhão com a natureza têm os seus códigos vestimentares. Contudo, estou ainda muito curiosa para ver o que vai resultar do pacto entre marcas como Chanel, Gucci, Nike e Burberry, a convite do Presidente Francês Emmanuel Macron *Fashion Pact), e o resultado de todas estas movimentações que vão surgindo que já envolvem consumidor, imprensa e marcas.
Eu, pessoalmente, tenho muito a aprender sobre o que é realmente sustentável e ecológico, e como será fazer o equilíbrio entre todas as variáveis. Entretanto e bem perto de você, pode encontrar nas araras da Jardin, peças produzidas com tecidos ecológicos. Para além disso, falar de sustentabilidade é falar também de “justiça” e “cadeia de produção”, e desenvolver a economia local. Tudo isso você encontra na Rua Lavras 92 de Belo Horizonte mas também online.
Helena Branquinho